segunda-feira, 30 de agosto de 2010

So we heard you like inceptions... [A Origem - 2010]

"You're asking me for Inception. I hope you do understand the gravity of that request." - Dom Cobb


Muitos de vocês já devem ter assistido ao novo filme de Christopher Nolan, Inception (em português, A Origem). E se você não assistiu ainda, eu recomendo (com grande pesar) que não leia esse post, já que o conteúdo serão algumas impressões pessoais sobre o filme, o que envolve uma grande quantidade de spoilers.

Bem, eu não vou parar pra explicar os detalhes do filme, porque além de não ser meu objetivo, sei que não conseguiria fazê-lo tão bem quanto este post do Brincanagem. Eu pretendo mesmo é expor algumas de minhas teorias, que podem coincidir com as de algum site ou blog por aí - apesar de ter gostado muito do filme, não busquei muito o que ler sobre ele -, ou não.
Primeiramente, eu preciso dizer que, a menos que eu esteja esquecendo algum injustamente, esse foi o melhor filme a que eu assisti (pela primeira vez) desde Batman, O Cavaleiro das Trevas, e serem do mesmo diretor é apenas coincidência, porque eu dou quase nenhuma importância ao diretor quando vou assistir a um filme, por mais sem-sentido que isso possa ser. Eu vi o filme 2 vezes, e a segunda foi ainda melhor que a primeira, acompanhada de uma série de arrepios ao passo em que a história se aprofundava.

Pois bem, vamos às conclusões e/ou impressões:
1 - A questão principal do filme, apesar de parecer ser uma trama secundária, é na verdade a "inserção" que a Ariadne (Ellen Page) faz na mente do Cobb (DiCaprio). Isso, quer tenha sido proposital ou não, pra mim é inegável que aconteceu: Cobb não conseguia se livrar da culpa que sentia pela morte de Mal (Marion Cotillard), sua esposa, e isso perturbava muito seu subconsciente, o que nos sonhos fazia com que uma projeção malígna dela aparecesse pra sabotar a missão dele e tentar convencê-lo a se matar pra "encontrá-la de novo". Pois bem, no final ele consegue confrontá-la e, aparentemente, se libertar da culpa e do tormento, e a influência de Ariadne nisso fica bastante clara ao longo do filme, com a insistência dela em descobrir que idéias o assombravam e as sugestões de que ele não era realmente culpado e que precisava de ajuda de alguém que conhecesse essa situação, que fosse ela ou que contasse ao Arthur (Joseph Gordon-Levitt), seu parceiro. A dúvida é se Ariadne fez isso de propósito ou sem querer querendo, o que entra na teoria que vem a seguir.

2 - Ao aceitar a proposta de Saito (Ken Watanabe), Cobb se dedica a montar uma nova equipe, começando pelo arquiteto (nesse caso, arquiteta). Ele vai ao encontro de seu sogro, Miles (Michael Caine), e pede que lhe indique um candidato que pudesse ser tão bom quanto ele (Cobb) fora antes da morte de Mal. Miles lhe diz então, após um breve diálogo sobre as motivações, convicções e impecílios de Cobb, que conhecia alguém ainda melhor, e o apresenta a Ariadne. Bem, com base na conclusão número 1 desse post, eu acredito que talvez essa inserção feita por Ariadne na mente de Cobb tenha sido "encomendada" pelo próprio Miles, para que o genro pudesse se livrar de seus transtornos e voltar para uma vida normal com seus filhos. Indo mais além, é possível ainda, que tudo, desde o encontro com Saito e a proposta de inserção, faça parte do plano de Miles. Mas realmente faltam informações no filme que nos permitam concluir contra ou a favor dessa(s) teoria(s).

3 - Após introduzir Ariadne ao conceito de sonhos compartilhados (se é que ela realmente ainda não conhecia), Cobb viaja para Mombasa, pra recrutar Eames (Tom Hardy), o forjador, e após uma cena de perseguição, os dois, acompanhandos de Saito, vão ao encontro de Yusuf (Dileep Rao), o químico. Cobb explica que precisaria de um sedativo poderoso para dar estabilidade a um sonho de 3 camadas (um sonho dentro de um segundo sonho dentro de um terceiro sonho), e Yusuf diz que poderia partir de um composto que ele já utilizava ali mesmo, todos os dias, em pessoas que pagavam para dormir por algumas horas, e poder sonhar em conjunto, pois haviam tomado os sonhos como realidade, e não conseguiam mais viver sem aquilo. Após presenciar tal situação, Cobb concorda em testar o composto em si mesmo e nós o vemos sonhar com Mal. Após isso, Cobb aparentemente acorda, mas depois de lavar o rosto no banheiro, ele testa seu totem, pra garantir que estava acordado, só que Saito o apressa, e o totem cai, não revelando se era um sonho ou realidade. Na primeira vez que assisti, não dei muita atenção, e ao final não consegui lembrar com certeza, mas quando vi pela segunda vez, confirmei: após essa cena, Cobb só volta a utilizar o totem na última cena, que como sabemos, é cortada tão logo o pião começa a tremer. Daí minha teoria de que talvez ele jamais tenha acordado desde o teste do sedativo até o final do filme. Isso também me faz crer na possibilidade de uma continuação. E não, eu não tenho medo de que façam um segundo filme e que seja ruim, porque o primeiro continuará o mesmo, e eu escolho ignorar ou não o outro.

4 - Considero infrutíferas quaisquer discussões sobre o final da história ser A ou B, porque após pensar bastante, não consegui identificar nada que prove definitivamente um ou outro, mas só pra ficar registrado, na minha opinião, aquilo já era a realidade (desconsiderando a teoria anterior), tanto pelo fato de Cobb não estar usando a aliança com a qual ele sempre aparecia durante os sonhos, quanto pelo fato dos filhos dele estarem mais velhos - muita gente acha que não, mas foram creditados 2 atores de idades diferentes pra representar cada um dos filhos, 2 pra Phillipa e 2 pro James, chequem o IMDB. Em todo caso, depois de assistir ao filme pela segunda vez, essa se tornou a menor das minhas preocupações.

5 - Toda essa confusão poderia ter sido facilmente evitada:
- Eu vou implantar uma idéia enquanto você sonha, pra poder rever meus filhos nos EUA.
- Por que não pedir pro Michael Caine levá-los pra França de avião?


Pois bem, meus caros, sintam-se livres pra debater minhas teorias e sugerir as suas.

3 comentários:

  1. As teorias batem com o que eu acreditei em alguns momentos, mas eu preferi inventar minha própria teoria sem sentido algum baseada em uma fusão das coisas mais legais dos dois últimos filmes do Leonardo - meu brother -. Ou seja, Ele e a mulher passaram por muitos traumas, por conta de uma gravidêz não planejada, entraram no mundo das drogas, e depois de alguns baseados durante a lua de mel, a Mal achou que podia voar, ela podia ter testado do sofá, mas claro que a janela era um atrativo muito maior... enfim... depois que Mal cometeu suicídio, Cobb já abalado por traumas anteriores, teve uma reação de choque, e nisso desmaiou, e todo o resto do filme seria um sonho que ele está tendo enquanto desmaiado.

    mas isso em nada tem haver com porcaria nenhuma.

    ótimo texto e teorias legais =]

    ResponderExcluir
  2. E se a Inception tenha sido um plano meticulasomente arquitetado, em segredo, na mente de Cobb para que Saito acreditasse que o herdeiro iria dissolver o imperio do pai apos uma Inception (algo que Cobb sabia que não poderia acontecer, mas insiste que pode para enganar Siato)? Dessa maneira, Saito acreditaria que um dia seu rival iria desmoronar, e, acreditando que o trato foi bem sucedido, ele faz "a ligação" e permite que Cobb volte à America ver seus filhos.

    Ou que tal essa: Nolan acorda um dia e diz "Cara, quero trollar o mundo".

    ResponderExcluir
  3. Ha, eu também cheguei, espontaneamente, na teoria de que o pai dele está por trás da Inception (maiúsculo pra indicar que é a mais importante do filme) e que a Ariadne é o fio condutor. MAS, pra mim, ele náo saiu do Limbo. Eu náo percebi a aliança, mas eu náo vou pensar sobre isso agora porque eu tenho que dormir, discussion will ensue later.

    Sobre os atores, metajogo. A cena é muito auto-referencial pra ser parte de uma realidade disconexa do sonho dele. (As crianças de costas, alguém chamando o nome delas. Ele não chamando o nome delas, etc...)

    E eu quero o Director's Cut. É importante.

    ResponderExcluir